CULTURA VINTAGE & PIN-UP GIRLS: o estilo que veio para ficar desde os anos 40.
Pin-up literalmente é uma modelo voluptuosa, com ar clássico e retrô nos dias de hoje, muito feminina, cujas imagens sensuais produzidas em grande escala exercem um forte atrativo na cultura pop. Pin-up também se refere ao material gráfico sensual, constituído de um leve erotismo e que, antigamente, era uma ilustração a aquarela baseada em uma fotografia.
O termo foi documentado pela primeira vez em inglês em 1941 e referiam-se a desenhos, pinturas e outras ilustrações por imitação de fotos, tendo vários registros desta cultura na década de 1890.Tais fotos apareciam frequentemente em calendários, os quais eram produzidos para serem pendurados (em inglês, pin-up) de alguma forma. Posteriormente, pôster de "pin-up girls" começou a ser produzidos em massa. Muito pôster dessas modelos pin-up tornou-se onipresentes nos armários dos soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial que na verdade era um grande incentivo à tropa. A mais popular pin-up dentre as primeiras à época foi Betty Grable, atriz-cantora-e-dançarina, a pioneira, frequentemente fotografada de maiô, foi eleita em 1943 pela revista Life a dona das pernas mais belas de Hollywood.
Cabelo vintage, pele alva, batom vermelho e uma postura provocante, porém com algo de ingênuo, estão no manual da pin-up moderna. Gwen Stefani e Katy Perry adotaram o rótulo temporariamente, e outras acrescentam tatuagens à fórmula como Dita Von Teese. A ex do cantor Marylin Manson faz espetáculos em que capricha no pin-upismo, com direito a banho de champanhe em taça gigante e guarda-roupa inspirado no pós-guerra. Atualmente, várias celebridades utilizam o estilo retrô, tais como: Christina Hendricks; Katy Perry; Megan Fox, Scarlett Johansson; Marina And the Diamonds e em destaque, a que mais usa o estilo é a cantora, compositora, modelo fotográfica e atriz Lana Del Rey.
"As pin-ups mostraram o poder das mulheres muito antes do feminismo e da revolução sexual. Nas décadas que antecederam o surgimento desses movimentos libertários dos anos 60, a ilustração e a fotografia de garotas atraentes ou famosas já revelavam os primeiros sinais da liberação feminina, ao mostrar o poder do corpo e da sensualidade da mulher na cultura popular. Essa visão das pin-ups, que se opõe a uma percepção tradicional, é o resultado de novas opiniões e estudos sobre o fenômeno, como o desenvolvido por Maria Elena Buszek no livro “Pin Up Grrrls”. Uma visão que tem mostrado as contradições entre a imagem das pin-ups como criações masculinas e objetos sexuais e ao mesmo tempo como representação da liberação feminina, da elevação do prazer sexual da mulher e da expressão de sua beleza e desejos.
Num universo dominado pelos valores masculinos, as pin-ups (e outras representações artísticas femininas, como as femme fatales ou as vamps) usaram da sexualidade, a principal arma ao seu dispor, para se contrapor ao poder patriarcal e controlar os homens. Esse fenômeno começou com o aumento da influência da burguesia, o surgimento das modernas técnicas de reprodução na imprensa e a invenção da fotografia. Fatores que possibilitaram a popularização da sensualidade feminina como um produto de consumo.
No decorrer do século 20, o fenômeno evoluiu em diferentes manifestações nas artes. Uma delas misturou sensualidade e bom humor e criou retratos de garotas com seios volumosos, cinturas finas, pernas longas e torneadas e rostos sensuais. Esses retratos, por terem sido feitos originalmente para serem pendurados nas paredes, e por extensão as garotas que serviram de modelos para eles passaram a ser chamados de pin-ups.
Mas, as pin-ups não se limitaram a ficar atrás de portas e em paredes e saíram dos retratos e caricaturas para invadir o cinema e outras manifestações artísticas. A atriz Marilyn Monroe tornou-se uma das mais famosas pin-ups de todos os tempos. Além de ser um símbolo do sex-apeall no cinema, ela foi imortalizada na cultura pop nos retratos de Andy Warhol e em suas fotos na revista Playboy.
O artista plástico peruano Alberto Vargas (1896-1982) praticamente criou o conceito pop das pin-ups. Desde sua chegada a Nova York em 1916 ele ficou fascinado pela beleza e estilo das garotas americanas e passou a retratá-las. Nos anos 40, a revista Esquire publicou um calendário com as garotas criadas por Vargas (Varga Girls) que virou um sucesso imediato. As garotas e o artista tornaram-se conhecidos mundialmente e, durante os anos da Segunda Guerra Mundial, as pin-ups de Vargas viraram símbolos patrióticos e estímulo aos soldados americanos. Após uma temporada bem-sucedida na Esquire, Vargas, que teve como modelos Marilyn Monroe e Ava Gardner, tornou-se o principal ilustrador da revista Playboy, que desde o seu lançamento em 1953 foi uma das maiores divulgadoras das pin-ups.
Com a vertiginosa ascensão da cultura pop e do american way of life nos anos seguintes ao final da Segunda Guerra, a beleza e o estilo das pin-ups criadas por Vargas ganharam novas versões em diferentes estéticas e em outras culturas. O cinema – não só o americano, mas também o europeu – foi uma das manifestações artísticas que incorporou as pin-ups ao seu universo. Em Hollywood, destacaram-se atrizes como Marilyn Monroe e Jayne Mansfield, enquanto na Europa surgiram Sophia Loren e Brigitte Bardot. Em todas elas o padrão das pin-ups popularizadas pelas ilustrações de Vargas permaneceu: mulheres bonitas com seios volumosos, cinturas finas, quadris bem delineados, pernas torneadas e ar sensual. Além disso, tanto nas ilustrações e fotos das revistas masculinas como no cinema, o erotismo era um dos principais atributos das pin-ups.
Nos anos 50, surgiu a garota que se tornaria um ícone das pin-ups e da cultura pop. Bettie Page teve uma infância e adolescência de dificuldades em Nashville, nas quais passava o tempo imitando suas atrizes de cinema favoritas. Apesar de trabalhar como modelo desde os 20 anos de idade em San Francisco, foi somente quando se mudou para Nova York, com 27 anos, que Bettie entrou para a galeria das garotas mais sensuais ao virar modelo de fotógrafos como Jan Caldwell, H.W. Hannau e Bunny Yeager. Suas aparições na Playboy, em calendários, cartas de baralho, outdoors e vários outros produtos em situações provocantes a tornou a “rainha das pin-ups”.
Com o surgimento da Pop Arte nos anos 60 a fusão de pin-ups com a nova estética foi imediata. Os calendários, cartões e maços de cigarros que traziam as pin-ups eram elementos perfeitos para inspirarem os artistas pop. Primeiro, porque a Pop Arte fez uma crítica irônica da dominação que os objetos de consumo passaram a exercer sobre a sociedade e, depois, porque conceitualmente um dos objetivos da Pop Arte era o da transformação do vulgar em refinado. Assim, a imagem de Marilyn Monroe, por exemplo, foi imortalizada em quadros de Andy Warhol, o papa da Pop Arte. Além de Warhol, dois dos principais artistas pop a utilizarem as pin-ups em suas obras foram Roy Lichtenstein e Mel Ramos.
A partir dos anos 70 com uma maior liberalização dos costumes e o avanço da indústria da pornografia, as pin-ups perderam bastante do seu espaço, mas mantiveram-se no imaginário da cultura pop. O que começou como ilustrações para reproduzir a beleza estética e o poder de atração das mulheres, como forma de driblar os moralismos da época, evoluiu para a transformação das pin-ups em personagens de carne e osso, seja com as atrizes no cinema ou como modelos fotográficos. Em meados dos anos 80 há uma retomada da estética das pin-ups com uma atualização que incluiu elementos futuristas e fetichistas". Sílvio Anaz